entrevista

Deputado federal da região afirma: Lula vai ser absolvido

Fotos: Lucas Amorelli (Diário de Santa Maria) 
Único deputado federal de Santa Maria, Pimenta diz que, para o PT, Lula é inocente e que há pareceres de juristas que corroboram isso

Escolhido pelo PT para ser líder do partido na Câmara dos Deputados em 2018, Paulo Pimenta fala sobre as obras da Travessia Urbana, a votação da reforma da Previdência, prevista para 19 de fevereiro, e sobre seu trabalho como parlamentar. O único deputado federal santa-mariense também falou das campanhas eleitorais com novas regras de financiamento e fez uma avaliação sobre o governo do prefeito Jorge Pozzobom (PSDB). E, claro, abordou o julgamento do recurso de Lula, nesta quarta-feira, pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4), ele que é um dos deputados mais ferrenhos e combativos na defesa do ex-presidente. Confira os principais trechos da entrevista concedida ao Diário:

Diário de Santa Maria - O senhor tem vindo menos a Santa Maria e se envolvido mais com os temas nacionais do PT, participou da caravana de Lula no Nordeste e virou líder do partido na Câmara dos Deputados. O que o levou a essa mudança? 
Paulo Pimenta - Não é questão de mudança de estratégia. Temos um trabalho consolidado aqui (Santa Maria), que é administrado cotidianamente. As novas tecnologias mudaram a maneira das pessoas trabalharem. Hoje, você pode fazer as coisas por WhatsApp. Minha presença em questões nacionais me dá muito mais respaldo. Eu acho que a cidade ganha quando tem um deputado que tem condições de tratar de temas nacionais, e com isso, fortalece a pauta local. Se eu fosse um deputado com um mandato paroquial, eu teria muito menos possibilidade de ajudar a cidade. Três anos atrás, quando eu tinha uma reunião presencial, eu teria que vir aqui.

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Diário - O senhor tem batalhado para a continuidade da da Travessia Urbana, mas, infelizmente, era para ela já estar pronta, mas recém passou da metade. Quando o senhor acha que poderá estar pronta?
Pimenta - O prazo de execução das obras é de três anos. Tivemos praticamente um para o licenciamento ambiental. A obra só pode ser executada a partir do licenciamento ambiental pronto. Não considero esse período de entraves burocráticos como execução. Espero que até o final de 2018, já estejamos com as obras concluídas, com exceção do viaduto da Uglione, que deve demorar 18 meses. A grande diferença da travessia é que não é uma obra que só vai ser utilizada quando ficar pronta. Se pode utilizar ao longo da obra. Eu tenho que comparar o ritmo com alguma coisa, então, com as (obras) do país. Temos três grandes obras no Estado que estão paralisadas. Eu considero que o ritmo de execução é muito satisfatório. Muito acima do que o Brasil assiste.

Diário - Quais suas pretensões daqui para a frente? Concorrerá à reeleição?
Pimenta - Sou uma pessoa de poucas pretensões. A principio, vou ser candidato a deputado federal. Tem muita coisa em andamento, como líder da bancada. O Lula virá a Santa Maria. Será que ele viria para Santa Maria se eu não fosse líder na Câmara? Ainda tem uma reunião (definição de data), em São Paulo, mas ele virá a Santa Maria.

Diário - O senhor acredita que, em 2018, as eleições em geral não terão mais caixa 2?
Pimenta - Eu acho que a regra aprovada exclui qualquer tipo de financiamento paralelo ao financiamento privado. Acho que a mudança devia ter sido feita de forma mais intensa. Mas é um avanço significativo, tanto para nós que fazemos campanha, como para os setores empresariais, que se sentiam em um dilema em ajudar os candidatos. Sempre foi um drama para todo mundo. Tentamos estabelecer um limite menor para as campanhas, um teto, a redução do financiamento. No nosso ponto de vista, ainda é preciso avançar muito. As novas tecnologias nos permitem fazer campanhas muito mais baratas. Antigamente, para as pessoas saberem o que penso, eu precisaria de um espaço de jornal, muito restrito. Hoje em dia, tenho condição de fazer isso com um custo mais baixo.

Diário - Qual sua avaliação sobre o governo Pozzobom?
Pimenta - Acho que os governos precisam ser avaliados por aquilo que eles se propõem a fazer. Fui candidato a prefeito (em 2008) e perdi. Gostaria de ter ganho aquela eleição. O Schirmer (Cezar) abria o programa mostrando dois túneis que ele ia fazer. Um na Floriano (Peixoto), com a Presidente (Vargas), e outro na Tuiuti. Estávamos na prefeitura e eu não me animava a repetir as coisas que ele dizia. O que acontece, muitas vezes, quando as pessoas concorrem, pela primeira vez, elas criam a ideia de que é fácil, que falta boa vontade. Quando chegam à prefeitura, percebem que o mundo real é muito mais complexo. O que percebo na cidade hoje é a decepção, pelo que foi gerado. No segundo turno da eleição, o secretário Gabbardo (João) veio aqui e gravou vídeo, disse que "o Hospital Regional seria aberto". Quando se faz política dessa maneira, se gera a situação que Santa Maria vive hoje.

Diário - O senhor acha que a reforma da Previdência será votada e aprovada neste ano?
Pimenta - Qual é o grande problema dessa reforma? Ela não trata dos grandes problemas da Previdência. Ninguém é irracional ao ponto de não saber da necessidade do país de fazer um profundo processo de discussão sobre a estrutura previdenciária. No entanto, não é possível que se tenha uma reforma que trate somente de um percentual, que envolve uma parcela significativa da população, mas, que em termos de dinheiro, são exatamente aquelas pessoas que hoje estão mais penalizadas. Tem contracheques no serviço público com R$ 500 mil, R$ 600 mil. Vai mudar algo na reforma para essas pessoas? Nada. Será que é possível fazer um debate sério na sociedade, para encontrar um equilíbrio fiscal, sem que trate também dessas questões?

Diário - Mas o senhor acha que vai ser aprovada?
Pimenta - Eu acho que não. Se não mexermos nessa questão dos privilégios, ninguém na sociedade vai ter disposição de apertar o cinto. Para ganharmos a sociedade para uma cultura de ajustes, tem que começar pelo andar de cima.

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Diário - Qual a sua expectativa sobre o julgamento de Lula na quarta-feira? O PT não trabalha com plano B para candidato a presidente?

Pimenta - A expectativa é que ele vai ser absolvido. O presidente Lula vai ser absolvido, e por razões simples. Os três desembargadores têm formação acadêmica, são professores, são três pessoas que tiveram uma solidez jurídica baseada em uma doutrina, que é majoritária no Brasil. A prova é o elemento central do processo, a prova é o elemento que fundamenta a decisão do juiz. Não há prova, não há crime. O presidente Lula nunca entrou nesse tríplex, parece que foi uma vez visitar. Semana passada, foi penhorado. A juíza, de Brasília, determinou que ele (o tríplex) fosse dado como pagamento. O que a juíza disse? O que vale é a escritura. E está em nome da OAS. A inscrição do Lula como candidato, no dia 15 de agosto, independe daquilo que será decidido no TRF4.

Diário - O ex-presidente não cometeu crime? 
Pimenta - Acho que não cometeu. Nós entendemos que o ex-presidente Lula é inocente. Esse entendimento é corroborado por centenas de pareceres de juristas do Brasil e do mundo.


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